É bem assim,
Quando as asas decidem ser trocadas por pernas
E nos oferece a lúcida visão de uma longa estrada
De pastos verdes,
Chão árido
Cheiro de vento
E toda iluminada.
E os passos se fazem lentos
E principalmente,
Contemplativos.
Mas em um momento quando se faz um piscar de olhos
Movo lentamente meus ombros
Outrora donos de belos pares de asas
...
E sinto, e percebo, e reflito,
Escorre uma lágrima danada e lenta
Seguida de um suspiro tenso e frágil
Onde estará minhas belas asas?
...
Elas se foram me juntas com os resquícios de ilusão
Elas se foram junto com a surrada ingenuidade
Elas se foram...
Mas me deixaram a lembrança de um passado FANTASTICO
Me deixaram.
Dizer isso dói!
Me deixaram junta com a solitária, e não menos prazerosa companhia de
Meu Presente
...
Agora danço sem elas,
E nada é tão mais bunito que aqueles vôos
E nada é tão mais bunito que a ingenuidade frágil
E nada é tão mais bunito que o sorriso descomprometido
E nada é tão mais bunito que aqueles olhos embriagados de encanto
E nada é tão mais bunito que ser criança e poder voar
E ter asas e ser livres!
...
Agora tenho passos, tenho presentes,
Só me ausenta as asas e com elas a fantasia
...
Agora posso ser o que sempre fui.
Não tenho mais que me voar-me
Posso doer-me e ranger os dentes do homem que sabe da sua ‘homensidade’
...
Não ousaria dizer que aqueles é que eram tempos bons,
Nem diria que esses são melhores,
Tenho o apetite
O gosto
E o encanto. Só me angustia, pelo apego, diluir as fantasias.
Passos lentos, contemplativos e encantados.
Ainda sinto, me apaixono e me deleito.
A mesma que sempre fui,
Boba, tímida, tola, lunática.
Que se liberta das asas diluídas nas fantasias.
E voa passos lentos contemplativos e encantados.
feita - 12/12/2008
Tema: Beirut - Elephant gun
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